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Jovens: mar de rosas ou de espinhos?

Psicanalistas de Juiz de Fora e de Lima Duarte explicam as principais
questões enfrentadas por jovens e indicam caminhos para enfrentá-las

Por Sandro Reis Silva

Para muitos jovens, é fácil se comunicar, já para outros é um desafio, um fardo. Alguns, não entendem seus pais e outros têm ainda mais questionamentos. Como lidar com essas situações? De acordo com Alinne Nogueira Silva Coppus, psicanalista da UFJF, a adolescência é uma "fase em que os problemas emergem, os conflitos aparecem de maneira gritante e os riscos de se optar por um caminho equivocado aumentam". Ela explica ainda que a adolescência está durando mais atualmente e é uma fase em que a pessoa se coloca “diante dos encontros sexuais, das escolhas profissionais, do seu meio social e de um novo corpo”. Realmente isso pode não ser fácil. “A adolescência deixa a pessoa sem lugar: não é criança nem adulto, daí o movimento constante do sujeito de requisitar um lugar em que sua voz tenha efeitos", continua Alinne. A profissional ressalta, no entanto, que a adolescência não é necessariamente um problema: “não cabe a nós sustentar uma visão patologisante em relação a esta fase que é tão singular e reserva tanta surpresa”, diz ela.

Ouvimos também a psicanalista Rita de Cássia de Araújo Almeida, do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Lima Duarte. Segundo ela, todos nós temos problemas e dificuldades que quando não superados podem se transformar em problemas mais graves. Ela lista os mais comuns na idade de 12 a 18 anos e causados principalmente pela pressão social ou do grupo a que os jovens pertencem ou querem pertencer. São eles: anorexia, depressão, vigorexia (excesso de exercício físico em homens), problemas com drogas (lícitas e/ou ilícitas).

"Se isolar do convívio social, em geral, não é a melhor forma de lidar com os problemas", aconselha Rita. Segundo ela o primeiro passo é entender em que situações nós temos problemas e dificuldades e tentar superá-los. Para isso é importante contar com a ajuda de pessoas mais experientes e nas quais os jovens confiem. Os pais, os avós, amigos, líderes da comunidade, por exemplo, podem ser úteis para auxiliar os jovens a enfrentar seus problemas, seus medos, decepções e tristezas.

Caso o jovem, mesmo com a ajuda dessas pessoas, não consiga superar seu problema e este venha a se agravar, é recomendado que ele procure um bom profissional da área de saúde que possa lhe indicar um possível tratamento. “As redes sociais como CAPs, postos de saúde e até alguns ambulatórios que funcionam em igrejas oferecem hoje uma oportunidade àqueles que não têm condições de ir a um consultório particular”, acrescenta Alinne. De acordo com Rita, o mais importante é que o jovem entenda que as respostas que ele procura geralmente estão com ele mesmo. O jovem precisa então se conhecer, respeitar seus objetivos e aspirações (sonhos) e valorizar suas capacidades constituindo assim seu próprio estilo de existência. O mundo nos impõe modelos, no entanto aqueles que conseguem desmontar um pouco estes tais modelos encontram um lugar mais tranqüilo, menos problemático e conseqüentemente mais feliz para se viver.

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